Após polêmica com a
errata no programa de Marina Silva à presidência referente à causa gay, o
coordenador do núcleo LGBT da campanha, Luciano de Freitas, deixou o posto.
Freitas, que faz parte da Diretório Nacional do PSB, afirmou que a decisão foi
tomada na semana passada.
A saída do
dirigente é a terceira baixa da campanha desde que Marina assumiu a cabeça de
chapa, há duas semanas.
Freitas foi
surpreendido por uma nota retificando o que havia sido prometido no programa
oficial em defesa dos direitos de homossexuais. Menos de 24 horas após a
divulgação do programa, a campanha alegou “falha processual na editoração do
texto” e tirou do documento os pontos mais polêmicos.
Freitas questionou
a mudança no programa por pressão de setores conservadores; ele já havia feito
ressalvas a Marina na reunião da Executiva que selou sua candidatura. Na
ocasião, o dirigente disse temer que a ex-ministra não seguisse o programa
aprovado por Eduardo Campos, candidato morto no dia 13 de agosto.
Marina
reconhece falha em apoio à causa gay
SÃO
PAULO -
A segunda-feira terminou mais tarde para a presidenciável do PSB, Marina Silva.
Após o debate realizado pelo SBT, pelo jornal Folha de S. Paulo, pela rádio
Jovem Pan e pelo portal Uol, a candidata concedeu entrevista ao Jornal da Globo.
Logo no início da
entrevista, a pessebista foi questionada sobre as alterações no seu programa de
governo menos de 24 horas após o lançamento, entre elas um recuo em relação a
algumas reivindicações do movimento LGBT, e se esse comportamento correspondia
a uma concessão à religião num estado laico.
Marina explicou que
houve um erro de processo e que a equipe do programa de governo foi responsável
pela correção. "Eu nem interferi nesse processo. Aconteceram duas falhas",
explicou a candidata do PSB, citando o trecho do plano que sinalizava que o
governo de Marina ampliaria a participação da energia nuclear na matriz
energética do Brasil.
A outra falha
apontada pela presidenciável foi que "o documento que foi encaminhado como
contribuição pelo movimento LGBT, não foi considerado documento da mediação do
debate, foi um documento tal qual eles enviaram", reforçando que foi feita
uma correção, porque houve uma mediação no debate. "Os direitos civis da
comunidade LGBT, o respeito à sua liberdade individual, o combate ao
preconceito, isso está muito bem escrito no nosso programa, melhor do que dos
outros candidatos", completou.
Pressionada sobre
sua posição em relação ao casamento gay, Marina voltou a dizer que respeita a
liberdade das pessoas, independente da condição social, de raça ou de
orientação sexual. Ela acrescentou que o seu programa de governo defende a
união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas não o casamento.
Bíblia:
fonte de inspiração
Indagada sobre as
especulações de que recorreria à Bíblia em momentos cruciais e se isso poderia
intervir em suas decisões como governante, Marina explicou que todos agem com a
avaliação realista dos fatos, mas defendeu que todos têm uma subjetividade.
"Uma pessoa
que crê, obviamente que tem na Bíblia uma referência, assim como tem na
referência a arte, a literatura", disse a ex-senadora, acrescentando que
as pessoas estão tentando atribuir à ela uma imagem de fundamentalista.
"A Bíblia é
uma fonte de inspiração pra qualquer pessoa que é cristã ou que é um judeu, mas
existem outras fontes de inspiração, às quais eu já me referi. As decisões são
tomadas com base racional pra todas as pessoas", afirmou a candidata do
PSB.
Crise
política
Questionada sobre a
crise da democracia representativa citada em seu programa de governo, a
presidenciável sinalizou que tem criticado a crise política e que as pessoas
não deveriam fazer vistas grossas para o que está acontecendo. "A gente
precisa aprofundar a nossa democracia. É preciso ampliar a participação das
pessoas, ao mesmo tempo melhorar a qualidade da representação e das nossas
instituições", relatou a pessebista.
Durante a
entrevista, Marina disse ainda que pretende aperfeiçoar a democracia,
democratizá-la, combinando a participação correta e legítima dos cidadãos
assegurada pela Constituição. "Nós somos eleitos para representar, não é
para substituir o representado", resumiu.
Economia
em 2015
No segundo bloco de
perguntas, a pessebista foi questionada sobre como conduziria a economia
brasileira no ano que vem, caso sua vitória fosse confirmada nas urnas. Marina
foi contundente ao dizer que é preciso recuperar o tripé da política
macroeconômica do país.
"A presidente
Dilma ganhou o governo dizendo que ia fazer a baixa dos juros, que iria reduzir
a inflação e que iria fazer o nosso país crescer. O nosso país não está
crescendo, a inflação está aumentando e os juros estão subindo. É fundamental
que o país tenha estabilidade econômica para que a gente não perda as conquistas
que já alcançamos, inclusive as conquistas sociais, e que a gente possa
aumentar o investimento. E, para aumentar investimento, é fundamental que se
readquira confiança", explicou.
A candidata do PSB
ao Planalto reiterou o compromisso de não aumentar os impostos e que pretende
dar eficiência ao gasto público. "Tem muitos desperdícios, inclusive o
desperdício da corrupção, e quando o país volta a crescer, a gente vai
conseguindo o espaço fiscal para poder fazer os investimentos sociais",
disse Marina.
Pré-sal
é uma das prioridades
A ambientalista
explicou ainda que assim como educação e saúde, o pré-Sal também é uma de suas
prioridades e reforçou quer dar um passo à frente em sua gestão. "Vamos
investir em energia limpa com o uso da biomassa, o uso do vento, o uso do sol",
pontuou a pessebista. "O petróleo é uma necessidade do planeta. Ainda não
se conseguiu a fonte de geração de energia que vai substituir esse combustível
fóssil", complementou.
Além disso, Marina
foi questionada sobre quando aumentaria o preço da gasolina para salvar o
etanol, do qual é uma entusiasta declarada. A candidata do PSB não poupou
críticas ao governo em sua resposta. "Essa política desastrosa do governo,
que está subsidiando gasolina, inclusive fazendo a importação desse combustível
com um preço elevado, acabou destruindo a indústria do etanol", defendeu a
presidenciável. "Espero que os preços administrados pelo governo possam
ser corrigidos pelo próprio governo e criarmos os mecanismos", acrescentou.
Coordenador
do programa LGBT deixa o PSB
O recuo da campanha
de Marina Silva nas propostas à comunidade gay provocou a perda do apoio de
Luciano Freitas, secretário nacional do comitê LGBT do PSB.
Fonte: Brasil 247
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