Seis dias após a reeleição da presidente
Dilma Rousseff (PT), cerca de 2.500 pessoas foram às ruas de São Paulo neste
sábado (1º) para protestar contra o resultado das urnas e o governo da petista.
O ato convocado por meio das redes sociais
começou na avenida Paulista, em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo),
por volta das 14h.
"Boa tarde, reaças", cumprimentou
ao microfone o empresário Paulo Martins, que foi candidato a deputado federal
pelo PSC neste ano no Paraná. "É inegável que o PT constrói uma ditadura
no país", acrescentou, sob fortes aplausos do grupo, que depois seguiu em
caminhada.
.bmp)
Com uma bandeira do Brasil sobre os ombros,
o cantor Lobão defendeu a recontagem dos votos das eleições presidenciais e
negou que o movimento tenha como propósito dar um novo golpe militar no país.
"Não tem ninguém aqui golpista", disse ao microfone.
A caminhada foi marcada também por
provocações entre simpatizantes da esquerda e da direita. Na avenida Paulista,
alguns moradores de prédios da região estenderam nas janelas camisetas
vermelhas e bandeira da campanha à reeleição da presidente.
"Vai para Cuba", gritaram os
manifestantes em resposta. Eles fecharam uma das faixas da avenida, onde
vendedores ambulantes ofereciam camisetas dizendo "impeachment já".
Além de pedirem o impeachment da petista,
parte dos manifestantes defende um novo golpe militar no país.
.bmp)
Os manifestantes diziam que o resultado das
eleições deste ano de ser a "maior fraude da história" e o PT de ser
"o câncer do Brasil". "Pé na bunda dela [presidente], o Brasil
não é a Venezuela", gritaram.
Sob aplausos, o deputado federal eleito
Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ),
foi apresentado ao microfone como "alguém de uma família que vem lutando
muito pelo Brasil".
Em discurso, o parlamentar disse que, se
seu pai fosse candidato a presidente, ele teria "fuzilado" a
presidente. Segundo ele, Jair Bolsonaro será candidato em 2018 "mesmo que
tenha de mudar de partido".
.bmp)
A manifestação foi acompanhada pela Polícia
Militar e pela chamada "Tropa do Braço", escalada para eventos de
rua.
No microfone, o perito Ricardo Molina
também acusou ter havido fraude no resultado das eleições presidenciais deste
ano. "As urnas foram fraudadas, qualquer um que não seja analfabeto sabe
disso", criticou.
Ao final da caminhada, por volta de 17h30,
já próximo ao Monumento às Bandeiras, houve uma ameaça de racha entre
favoráveis e contrários à intervenção militar.
Alguns manifestantes que participaram da
concentração na avenida Paulista subiram em um segundo carro de som, que
aguardava próximo ao parque Ibirapuera, e iniciaram uma discussão com o
primeiro veículo, que participou de toda a caminhada.
"Vocês estão querendo desviar, isso é
sacanagem, aqui não tem político", disse um manifestante no segundo carro.
"Ninguém é a favor de golpe",
respondeu Lobão, no primeiro carro.
.bmp)
O vice-presidente nacional do PSDB e
ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, disse neste sábado (1º) que nem a
sigla nem a direção da campanha do senador Aécio Neves (MG) incentivam,
organizam ou dão suporte às manifestações contra a presidente Dilma.
Para Goldman, um dos críticos mais duros do
PT no partido, seria uma "irresponsabilidade" compactuar com esse
tipo de ato. Ele afirma que o país está com os ânimos inflamados. "Até por
conta do tipo de campanha, muito suja, muito pesada, que o PT fez primeiro
contra a Marina Silva (PSB) e depois contra o Aécio. Mas nem isso justifica um
pedido de impeachment da presidente", avaliou.
Ele ressaltou ainda que, apesar de o
partido ter pedido uma auditoria especial no TSE sobre a apuração dos votos,
não há indício de fraude eleitoral. "Apenas uma constatação de que o
acompanhamento de todo esse processo é deficiente e pode ser melhorado",
afirmou.
CONTRA
ALCKMIN
Também neste sábado, cerca de 300
manifestantes realizaram protesto no largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste
de São Paulo, contra a crise de água no Estado.
O ato "Alckmin, cadê a água?"
começou por volta das 15h com cerca de 200 pessoas que se concentraram ao lado
da entrada da estação Faria Lima, da linha 4-amarela do metrô.
Os manifestantes começaram a marcha
ocupando a avenida Brigadeiro Faria Lima no sentido Pinheiros.
O ato reuniu jovens e integrantes de
movimentos de esquerda como o Juntos, do PSOL, militantes do PSTU, do
Território Livre, do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) e da Anel
(Assembleia Nacional de Estudantes-Livre), entre outros.
Eles criticavam a postura do governo
estadual em relação à gestão da crise da água. "Alckmin privatizou a
Sabesp e acabou com a nossa água. Viemos aqui na Sabesp dar um recado: se a
água acabar, SP vai parar. Vamos devolver o volume morto pra eles e pressionar
a Dilma [Pena, presidente da Sabesp] tucana a entregar nossa água", disse
Thiago Aguiar, do Juntos, movimento estudantil ligado ao PSOL.
Os manifestantes carregavam cartazes e
bandeiras. Uma das faixas dizia: "Alckmin molhou a mão do banqueiro e
secou a Cantareira". Em outras, defendiam a estatização da Sabesp. Também
cantaram versos de protesto, como "a Sabesp só dá lucro pro patrão e falta
água na casa do peão".
"Esse ato é da juventude e dos
trabalhadores unidos que não se conformam com a falsa polarização de PT e PSDB.
As mentiras de Alckmin são tão sórdidas quanto as de Dilma", disse um
manifestante que não quis se identificar.
PELO
PAÍS
Também houve protestos contra a presidente
Dilma neste sábado em Curitba e em Manaus.
Na capital paranaense, segundo a PM, cerca
de cem pessoas marcharam até a sede do governo, administrado pelo tucano Beto
Richa.
Os manifestantes pintaram o rosto com
listras pretas ou verde e amarelas, e carregavam cartazes com frases como
"impeachment já", "fora PT" e "90% do PIB não elegeu a
Dilma".
Alguns pediam a recontagem dos votos do
pleito do último domingo.
Em Manaus, cerca de 50 pessoas estão
concentradas em frente ao Teatro Amazonas.
Fonte: Folha de S.Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário