O candidato do PSDB
à Presidência da República, senador Aécio Neves, disse nesta quarta-feira (27)
que "respeita muito" sua adversária Marina Silva (PSB), mas que ele e
sua equipe estão "muito mais preparados" para governar o país.
Questionado durante sabatina ao jornal "Estado de S. Paulo" se
tinha medo da ex-senadora, respondeu:
"De forma
alguma, eu tenho enorme respeito pela Marina Silva, o que tenho é grande
confiança no nosso projeto", acrescentando que a presença dela na disputa,
assim como foi a do Eduardo [Campos], é muito importante".
Pesquisa Ibope
divulgada nesta terça-feira (26) mostra que Aécio está em terceiro lugar nas intenções de voto, com
19%. Dilma Rousseff (PT) está com 34% e Marina Silva (PSB), 29%.
Ao responder à
pergunta sobre medo de Marina, o tucano lembrou que o PSDB atuou para
"impedir a manobra" que o PT tentou fazer no Congresso Nacional a fim
de "impedir pela força da sua maioria a criação do partido da
Marina". Ele se referia à Rede Sustentabilidade – que teve o registro
negado pela Justiça Eleitoral por falta do mínimo de assinaturas.
"Essa não é
uma atitude de quem teme a Marina. Respeito muito a Marina, mas acho que
estamos muito mais preparados para os desafios que vamos viver", disse
Aécio.
O tucano disse que
Marina Silva ainda não apresentou suas "ideias" e argumentou que o
PSDB é a "oposição coerente" do país. "Nós somos a oposição no
Brasil, e não essa situação circunstancial", disse em referência à
candidata do PSB.
"Não mudamos
de lado, temos um projeto para o Brasil que executamos quando éramos governo e
que agora queremos resgatar", afirmou. Marina Silva era militante do PT e
foi ministra do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante
cinco anos antes de filiar-se ao PV, em 2008, para depois concorrer à
Presidência pela primeira vez, em 2010.
Economia
Aécio disse que a
presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, não "consegue dizer para
que caminho pretende levar o Brasil" no campo econômico. Ele disse que, ao
antecipar o nome de Armínio Fraga como seu futuro ministro da Fazenda, quer
mostrar como o PSDB vai "trazer os empregos de volta e como vai fazer o
país voltar a crescer".
Em sua eventual
gestão, disse, o Brasil terá uma "política fiscal absolutamente
transparente". O tucano evitou responder de quanto será o superávit
primário que seu governo perseguirá, mas disse que será crescente e sem incluir
despesas não correntes.
"Buscaremos o
superávit, mas será precipitação dizer qual será. É preciso que antes assumamos
o governo, porque não sei quais serão as bombas relógios que virão daqui para
frente”.
O candidato voltou
a se referir a Marina Silva ao falar sobre os "nomes qualificados que
estão surgindo" no processo de montagem de sua equipe econômica.
"Ontem ouvi uma candidata falar em time. Nós temos uma seleção
brasileira", afirmou.
Ele ainda repetiu
que o Brasil "não é para amadores". "O futuro que nos espera
precisa de experiência e competência", disse.
Ministérios e cargos comissionados
Na entrevista,
Aécio voltou a prometer um corte no número de ministérios, dizendo achar
"razoável" governar com a metade das atuais 39 pastas do governo
federal. O candidato tucano ainda disse que são "dispensáveis" um
terço dos cerca de 22 mil cargos comissionados, preenchidos sem concurso
público e, em geral, por indicações políticas.
"O que o
Brasil quer é um Estado eficiente, que gaste menos com a estutura para gastar
mais com as pessoas", disse, prometendo "racionalizar o Estado".
Acrescentou que seu ex-vice e sucessor no governo de Minas Gerais, Antonio
Anastasia, está fazendo um "novo desenho" da estrutura do governo
para realizar as mudanças.
Aécio antecipou que
ele pode ser um de seus ministros. "Espero primeiro que ele tenha um cargo
no Senado, para depois ir para o ministério", quando questionado sobre o
assunto.
Reforma tributária
Questionado sobre
como será realizada sua reforma tributária, Aécio disse que primeiro vai
trabalhar pela "simplificação" do sistema, argumentando que
atualmente as empresas gastam cerca de R$ 40 bilhões "para manter a
máquina pagadora funcionando".
Ele afirmou ser
importante que as despesas do governo também aumentem num ritmo menor que o
crescimento da economia. "Vamos qualificar as despesas, não estamos
falando em cortes em programas socias. Vamos fazer o Brasil voltar a crescer,
mas as despesas supérfluas, vamos cortar sim".
Aeroporto
Aécio voltou a
defender, na entrevista, a construção de um aeroporto, quando era governador,
na cidade de Cláudio (MG), próximo a fazendas de sua família. Questionado se
isso era um problema "moral", ele disse que "foi uma bora
correta, planejada e feita para beneficiar a população daquela região".
Como argumento,
disse que seu governo também investiu na interligação por asfalto de 224
cidades em Minas, na cobertura de telefonia celular para todo o estado e na
construção de aeroportos regionais em todo o estado. "Muito provavelmente
é possível que tenham familiares meus morando em alguma dessas cidades",
disse.
Maconha, bafômetro
Aécio reafirmou ser
contra proposta defendida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para
legalizar o uso da maconha no país. "Eu tenho enorme respeito por ele, mas
não tenho concordância com todas as opiniões dele".
Em outro momento,
foi indagado se havia se arrependido de, em 2012, ter recusado a se submeter ao
teste do bafômetro quando parado por uma blitz no Rio de Janeiro enquanto
dirigia. Ele disse que, se o episódio tivesse ocorrido hoje, "faria com
certeza". "Sou cidadão, homem comum, não ando com motorista",
afirmou.
Ele justificou que
não fez o teste porque estava com a carteira vencida e por isso, passou o
volante para quem o acompanhava.
Política externa
Ao final da
entrevista, Aécio foi questionado sobre o que pensava sobre a atual política
externa do Brasil, sobretudo em relação ao Mercosul. "Ficamos amarrados ao
longo dos 12 anos ao que é do interesse específico de alguns vizinhos",
criticando "alinhamento ideológico da política externa".
Ele disse, no
entanto, ser favorável que o bloco evolua da categoria de união aduaneira para
área de livre comércio, mas que também possa firmar acordos bilaterais com
outros países.
Fonte: G1
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