Desde as primeiras
horas do dia, dezenas de pessoas aos poucos se misturam a funcionários
contratados pelo governo de Pernambuco para finalizar a estrutura onde será
realizado o velório do ex-governador do estado Eduardo Campos, vítima de um
acidente aéreo na última quarta-feira (13). Em meio ao som das ferramentas,
expressões abatidas, consternação, incredulidade e lágrimas.
A relação de
Eduardo Campos com o povo pernambucano, e em especial o recifense, fez da tragédia
em Santos um luto coletivo. A dor das pessoas pode ser percebida em vários
cantos da capital. Em meio a dezenas de coroas de flores espalhadas pelo
Palácio do Campo das Princesas, onde os corpos de Campos e de três assessores
dele serão velados à noite, os recifenses começaram a dar seu adeus.
Josefa Jorge Pessoa segura um cartaz em homenagem a Eduardo Campos |
Sem conter as
lágrimas, a dona de casa Josefa Pessoa, 59 anos, andava de um lado para o outro
em frente ao palácio do governo como se falasse sozinha. Com um cartaz repleto
de fotos de Eduardo Campos, ela disse que a homenagem era uma forma de
demonstrar gratidão. “Foi Eduardo quem deu a posse das nossas casas no meu
bairro há pouco tempo. Ele era um homem muito bom. O acidente foi muito
trágico, terrível.”
“A ficha ainda não
caiu”, resumiu a aposentada Rosa Queiroz, 65 anos. Dizendo-se muito triste,
contou que sua cidade, Carnaíba, no sertão de Pernambuco, era “praticamente
fantasma” e “abandonada” até Campos assumir o governo do estado. “Ele levou
escola, quadra, teatro, academia. Mudou tudo, tenho muita admiração por ele.”
Hipertensa, Rosa
disse que a filha pediu que ela não fosse ao velório nem ao enterro para evitar
problemas de saúde. “Ela estava preocupada porque tenho pressão alta, mas
amanhã volto para o velório e vou ao enterro. Sei que a gente não vai conseguir
chegar nem perto, mas quero estar presente. Só quem é daqui entende essa dor”,
acrescentou, mostrando a bolsa com um comprimido para controlar a pressão.
Segurança de
Eduardo Campos em viagens por Pernambuco, Marcelo Melo dos Santos preparou alguns
cartazes com fotos e reportagens sobre a trajetória do ex-governador e afixou o
material em uma das cercas da Praça República, que fica em frente ao Palácio do
Campo das Princesas. “Ele era um homem trabalhador”, resumiu sem conseguir
completar a frase e enxugando os olhos cheio de lágrimas.
Com um terço na mão
e uma página de jornal com a foto de Eduardo Campos, o estudante Antonio Carlos
Renovato fazia uma oração em frente à sede do governo pernambucano. “A gente do
Recife está muito triste e essa é uma forma de agradecimento. Nunca pensei que
ele pudesse viajar e não voltar. Que lá de cima, ele agora continue lembrando
da gente.”
Mais de 100 mil pessoas são esperadas nas cerimônias fúnebres do
presidenciável, do assessor de imprensa Carlos Percol, do fotógrafo Alexandre
Severo e do cinegrafista Marcelo Lyra.
As autoridades
locais estimam que os restos mortais cheguem ao Recife entre 20h e 22h. Da Base
Aérea, o corpo do ex-governador seguirá em cortejo em carro aberto do Corpo de
Bombeiros até o Palácio do Campo das Princesas. Eles serão velados até amanhã à
tarde. O enterro deve ocorrer às 17h no Cemitério de Santo Amaro, próximo ao
Centro do Recife.
Fonte: Agência Brasil
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