Na eleição de 2010, a grande imprensa
noticiou amplamente uma iniciativa de Dilma Rousseff (PT) para se tornar
empresária. De acordo com reportagens da época, a candidata à reeleição abriu
uma loja de produtos importados em Porto Alegre. O negócio, que durou um ano e
cinco meses, fechou em julho de 1996 e foi omitido da biografia da presidente.
Excluir da biografia fatos considerados
negativos é uma prática condenável dos políticos. Aécio Neves (PSDB) representa
a evolução dessa artimanha.
No site oficial da campanha do tucano – e
também na campanha no rádio e na televisão –, foi largamente divulgada a
relação dele com o avô, Tancredo Neves, eleito indiretamente presidente da
República e morto antes de tomar posse. O que o oposicionista não cita são
dados de sua biografia divulgados pela Câmara dos Deputados.
De acordo com o site da Câmara, Aécio
trabalhou para o CADE, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, em 1977,
durante o governo militar. Nessa época, o candidato do PSDB estava com 17 anos
e o ministro da Justiça era Armando Ribeiro Falcão, ocupante do cargo de 1974 a
1979. Falcão foi o artífice da Lei Falcão, que impedia o acesso dos políticos
ao rádio e à televisão com o objetivo de evitar a vitória oposicionista nas
eleições municipais de 1976 e nos pleitos seguintes. A relação do ministro com
a imprensa ficou marcada pela frase “nada a declarar”, por se recusar a
comentar qualquer assunto considerado polêmico.
O site da Câmara também registra que Aécio
foi contratado em 1980 como assessor do pai, Aécio Cunha, que foi deputado
federal pela Arena e pelo PDS, partidos que deram sustentação ao regime
militar. Aécio morava e vivia no Rio de Janeiro, mas a contratação foi pela Câmara
dos Deputados, em Brasília.
O presidente na época era o general Ernesto
Geisel.
É papel da imprensa mostrar as omissões dos
políticos nas biografias que alardeiam. Mas as informações devem ser dadas de
todos os políticos, sem cores partidárias. Dilma, como é largamente divulgado,
atuou em organizações de guerrilha contra os militares, foi presa e torturada.
Esse fato não pode ser omitido, como também não é aceitável que se esconda a
proximidade de Aécio com personagens que estiveram ao lado e colaboraram com os
militares. Essas informações estão registradas e o tucano não pode ignorá-las
nem tentar a tecla “delete”.
Fonte: Gazeta
do Povo
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