domingo, 26 de outubro de 2014

Nordeste na disputa: Dilma vence em todos os estados e leva 71,5% dos votos

Se nacionalmente a disputa entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) foi acirradíssima, no Nordeste a petista teve ampla vantagem. Na região, a presidente teve 20,1 milhões de votos, o equivalente a 71,5% do total de eleitores que foram às urnas neste domingo (26). O candidato tucano amealhou 8 milhões de votos, cerca de 28,5% da preferência do eleitorado. O peso da região fica claro quando se lembra que a presidente foi reeleita com uma diferença de 3,4 milhões de votos em relação ao oponente.
No segundo turno, Dilma venceu nos nove estados nordestinos. Em todo o Brasil, o estado onde a petista teve a maior vitória foi o Maranhão, onde teve 78,76%. Lá, Dilma teve 2,4 milhões de votos. Aécio, 667 mil eleitores.
Se o Nordeste já havia tido destaque no início da eleição em função da candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que faleceu em trágico acidente no dia 13 de agosto, a região ficou no centro da disputa política deste segundo turno. Dada a maior penetração do PT na região, o Nordeste passou a ser estratégico para compensar a liderança do PSDB no Sudeste, região que concentra os maiores colégios eleitorais do País.
No primeiro turno, a presidente Dilma Rousseff abriu uma vantagem de 12,2 milhões de votos na região. Em todo o País, ela teve apenas 8,3 milhões de votos a mais que Aécio Neves; ressaltando a importância dos nordestinos para o resultado da disputa eleitoral.
No dia 5, Dilma já havia vencido em oito dos nove estados nordestinos; perdeu apenas em Pernambuco, onde a comoção causada pela morte de Campos favoreceu a ex-senadora Marina Silva (PSB). No Estado, Marina teve 48,05% dos votos; Dilma ficou com 44,22% e Aécio amargou 5,92%.
A votação de Pernambuco foi a pior de Aécio em todo o País. Além de Pernambuco, o tucano ficou em terceiro lugar em quatro estados: Alagoas, Bahia, Maranhão e Piauí. Neste último, Dilma teve sua melhor vitória dentre todos os Estados do Brasil, atingindo 70,61% dos votos.
O apoio a Dilma no Nordeste é inflado pelos avanços que a região conquistou durante a gestão do PT no Palácio do Planalto. Entre 2001 e 2012, mais de 20 milhões de pessoas deixaram a linha de pobreza, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Boa parte desse fenômeno se deve ao aumento da renda dos nordestinos. Entre 2002, último ano da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e 2013, o número de pessoas com emprego formal na região saltou de 4,8 para 8,9 milhões. Outras 7 milhões de pessoas são beneficiadas pelo Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo federal.

O clima de acirramento político na região aumentou depois que várias mensagens preconceituosas contra o voto dos nordestinos passou a ser compartilhada nas redes sociais devido à liderança petista na localidade. O PSDB passou a contra-argumentar dizendo que os perfis seriam falsos, criados para contaminar a campanha eleitoral.
Aécio Neves ainda virou alvo depois que Fernando Henrique deu uma declaração que passou a ser usada pelo PT como uma crítica tucana ao Nordeste. “O PT está fincado nos menos informados, que coincide de serem os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados”, disse o ex-presidente em uma entrevista.
Para compensar a desvantagem no Nordeste, Aécio lançou um programa de propostas prioritárias, voltadas especificamente para a região, chamado de “Nordeste Forte”. No programa, estavam a conclusão de obras estruturadoras como a Transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina e a elevação da renda per capita mínima de US$ 1,25 por dia na região ao final do mandato.
PALANQUES – A falta de palanques fortes no Nordeste também prejudicou a campanha de Aécio Neves. Dentre os atuais governadores, apenas três o apoiaram no segundo turno: João Lyra Neto (PSB-PE), Zé Filho (PMDB-PI) e Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL). Dentre os eleitos, o único aliado era o pernambucano Paulo Câmara (PSB).
Aécio perdeu força em estados estratégicos. Em Alagoas, o único governado por um tucano na região, o candidato do governador Teo Vilela, Julio Cezar (PSDB), teve menos de 8% dos votos. Na Bahia, quarto colégio eleitoral do País, o aliado Paulo Souto (DEM) chegou a liderar as pesquisas, mas foi derrotado no primeiro turno por Rui Costa (PT).
No Ceará, outro estado importante, o PSDB apoiou o senador Eunício Oliveira (PMDB) que, apesar de ter conseguido eleger Tasso Jereissati senador, evitou aderir à campanha de Aécio. Em Pernambuco, o apoio de Paulo Câmara e do grupo político de Eduardo Campos só veio no segundo turno, após a derrota de Marina Silva.

Fonte: Blog do Jamildo

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