Candidato a vice na chapa do governador
Luiz Fernando Pezão (PMDB) que disputa o Governo do Rio de Janeiro e
coordenador da campanha de seu primo Aécio Neves (PSDB) à Presidência da
República no estado, o senador Francisco Dornelles (PP) tem sido nos últimos
dias correia de transmissão para a mútua insatisfação que contaminou tucanos e
peemedebistas após a falta de resultados do movimento denominado “Aezão”.
Segundo informações passadas por
integrantes da campanha de Pezão, a relação entre os dois partidos azedou de
vez após a baixa participação do PMDB na caminhada realizada por Aécio domingo
(19) na orla do Rio, ato que contou, segundo a Polícia Militar, com cerca de
quatro mil pessoas.
Principal ponto das críticas feitas por
Aécio na conversa com o primo, que teria sido travada depois do ato na orla, a
postura dúbia em relação à disputa presidencial se tornou este ano a marca do
PMDB fluminense, já que oficialmente o partido declarou apoio a Dilma Rousseff
(PT). Sempre dividido, o PMDB ainda conseguiu ajudar Aécio no primeiro turno,
quando os candidatos à Câmara dos Deputados ou à Assembleia Legislativa (Alerj)
ainda estavam na disputa. Já no segundo turno, sem a massa de candidatos a
deputado e com Pezão sempre ao lado de Dilma e nunca ao seu, Aécio acabou mesmo
ficando sem palanque no Rio.
No início da campanha, tendo como pretexto
a decisão do PT de lançar candidato próprio ao governo estadual, a direção do
PMDB, com o presidente regional Jorge Picciani à frente, estimulou o “Aezão”,
ao mesmo tempo em que Pezão e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, se declaravam
alinhados a Dilma.
Com a ascensão de Marina Silva (PSB) e o
declínio de Aécio, o movimento murchou, mas voltou com força total depois que o
tucano passou ao segundo turno. Nesta última semana de campanha, no entanto,
praticamente não se ouve mais falar da aliança branca entre o PMDB e o PSDB, ao
passo em que Pezão, que disputa o segundo turno contra o senador Marcelo
Crivella (PRB), grudou na candidata petista em suas recentes visitas ao Rio.
Dois dias depois da confirmação do
resultado do primeiro turno, em meio ao clima de euforia que tomou conta dos
tucanos, uma reunião que teve a participação do ex-governador Sérgio Cabral,
além de Pezão, Paes, Picciani, Dornelles e Paulo Melo, presidente da Assembleia
Legislativa, traçou “os rumos da vitória de Aécio no Rio”, como definiu um dos
presentes.
Sem disfarçar mais o apoio, Cabral indicou
o secretário Wilson Carlos, um de seus homens de confiança, para acompanhar as
ações promovidas pelo “Aezão”. Na estratégia definida, caberia a Picciani
coordenar apoios e eventos em grandes bolsões de voto como São Gonçalo, Baixada
Fluminense e Zona Oeste: “Ninguém abandonou o barco”, resumiu o presidente do
PMDB-RJ à saída da reunião.
Na prática, no entanto, Aécio jamais
conseguiu penetrar nas áreas mais carentes do estado durante todo o segundo
turno, não restando a ele alternativa senão “pregar para convertidos” em
Copacabana e Ipanema. Com isso, o candidato tucano parece ter prejudicado sua
intenção de “herdar 90% dos votos da Marina no Rio”, como prometeu, já que as
pesquisas de opinião feitas nos últimos dias registram crescimento de Dilma
entre os eleitores fluminenses, sobretudo nas áreas mais carentes. Essa lacuna
na comunicação com os eleitores poderia ter sido corrigida com uma ampla
distribuição de material de campanha, mas este foi escasso, e panfletos unindo
Aécio e Pezão se tornaram peças raras no Rio de Janeiro.
Efeito sanfona
Enquanto o movimento “Aezão” sofria com seu
efeito sanfona, Luiz Fernando Pezão, assim como Eduardo Paes, se manteve
irremovível no apoio declarado a Dilma: “Tenho o maior orgulho de poder dizer
que nesta campanha trabalhei todos os dias, de manhã até a noite, para reeleger
a presidenta Dilma, que é minha grande amiga e grande amiga do povo do Rio de
Janeiro”, disse o governador durante carreata realizada segunda-feira (20) no
bairro de Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio.
Já Cabral permanece submerso, após ter
deixado o governo em abril com índice de rejeição superior a 70%. Instado pelo
PMDB a desistir de disputar o Senado por conta das dificuldades que teria para
se eleger, o ex-governador abriu mão de sua candidatura em favor do ex-desafeto
Cesar Maia (DEM), em uma engenharia política feita durante a formação do
“Aezão”. Para não atrapalhar Pezão, Cabral só apareceu uma única vez em sua
propaganda gratuita na televisão. Nas raríssimas vezes em que apareceu em
público, como no dia da votação do primeiro turno, se valeu do mantra repetido
nos últimos meses: “O candidato é o Pezão. Quem tinha que ficar conhecido era o
Pezão.”
Fonte: Rede
Brasil
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