Tem que ser muito idiota para acreditar
nesta capa da Veja desta semana. O doleiro Youssef está preso desde março e só
há 3 dias das eleições do segundo turno resolve "abrir seu coração" e
dizer que Lula e Dilma "sabiam" de suas atividades criminosas e
clandestinas.
Isso, vindo de um doleiro, já manjado no
caso Banestado desde 2003, que manteve como interlocutores, na calada da noite,
alguns deputados picaretas. Mas nunca que um doleiro do Banestado teria cacife
para chegar nem perto do Palácio do Planalto. Ridícula essa reporcagem da Veja.
Alias, até o advogado do doleiro já
desmentiu a Veja, dizendo que "nunca ouviu seu cliente dizer isso".
Nem vou perder tempo com essa reporcagem,
porque só atinge idiotas, e estes idiotas que relincham diante da Veja já votam
em Aécio. Do eleitor da Dilma, que já está acostumado com esses golpes baixos
em véspera de eleição, não tirará nem um voto.
Mas vamos pensar nas possíveis
consequências criminais.
Tem que investigar se a Veja não trocou
Demóstenes Torres por Álvaro Dias e Carlinhos Cachoeira por Alberto Youssef.
Youssef já conhece o senador Alvaro Dias
(PSDB) desde 1998 quando forneceu uma avião para a campanha do tucano. O
advogado de Youssef é ligado ao governador tucano do Paraná, Beto Richa. Alvaro
Dias disse a jornalistas que tinha a íntegra da delação premiada. O senador
tucano já tem antecedentes. Em 2008 receptou documentos furtados da Casa Civil
e entregou "em off" para a revista Veja.
Calúnia e difamação
Há o claro crime de calúnia e difamação
tanto contra Dilma como contra Lula. A revista vai dizer que se houve crime foi
o doleiro que cometeu. O advogado do doleiro já diz que ele não falou isso. Se
a revista não tiver uma gravação ou a transcrição oficial do depoimento, seus
repórteres ou editores deveriam ser condenados. Mas o judiciário no Brasil é uma
tragédia quando se trata de imprensa. Revistas, jornais e tvs podem caluniar e
difamar à vontade que, se o caluniado for petista, dificilmente algo acontece.
Crime
eleitoral
Na mesma linha acima. Mas vamos observar
que se a revista Veja fosse bem sucedida ao influir nas eleições com uma
mentira forjada, o povo já teria sido enganado, e não haveria punição que
reparasse o dano ao povo brasileiro. As instituições democráticas brasileiras
precisam criar leis que não permitam golpes midiáticos serem aplicados. Nada de
censura prévia, mas a própria justiça eleitoral deveria usar a TV imediatamente
para fazer "recall" de "reporcagem" advertindo ao eleitor
que aquilo é produto golpista, estragado, contaminado, desacreditado e com
intuito de trapacear a consciência e livre escolha do eleitor.
Corrupção
E se delatores que já receberam propinas em
outras negociatas, resolverem mudar de ramo e receberem dinheiro de caixa-2
campanha como "marqueteiros políticos" da oposição, fazendo este tipo
de denúncia de comum acordo?
Hoje, como se vê nas Bolsas de Valores, uma
eleição se tornou mais valiosa para banqueiros, investidores, do que os casos
isolados de corrupção tradicionais. Não é mera imaginação fértil pensar que
Bancos de Investimenos, Petroleiras de olho no pré-sal paguem propinas em
paraísos fiscais para quem influir nas eleições favoravelmente aos negócios
deles. Esse tipo de linha de investigação precisa ser feita.
Só por hipótese, o ex-diretor corrupto da
Petrobras diz que devolverá aos cofres públicos cerca de R$ 70 milhões
recebidos de propinas ao longo dos anos. Ele poderia ganhar R$ 200 milhões ou
mais brincando, se fosse peça chave para levar os tucanos à vitória e mudar o
marco regulatório do pré-sal para regras mais favoráveis as petroleiras privadas.
Coisa semelhante vale para Youssef.
Direito
de resposta
É outra piada em termos de impunidade da
bandidagem travestida de jornalistas. Dificilmente o judiciário concede. Quando
concede, há tantos recursos que, quando publicada, já passou de hora. A maioria
da população já não lembra bem do assunto e nem liga para a resposta.
O que Fábio Barbosa tem a dizer sobre
especulação na Bolsa?
Curioso a revista sair na quinta-feira à
noite, quando sai sempre às sextas. Assim ainda tá tempo de pegar um pregão da
Bolsa de Valores antes da eleição.
Não faltará espertalhão espalhando o boato
de que a notícia afetaria a eleição contra Dilma e a favor de Aécio, para
outros idiotas saírem comprando de manhã. De tarde, começam os rumores sobre
pesquisas e trackings confirmando o favoritismo de Dilma, e a bolsa volta a
cair. Os idiotas que comprarem na alta perdem, e os espertalhões que sabem o
que fazem, ganham.
O presidente do grupo Abril, Fábio Barbosa,
já foi presidente do antigo Banco Real e sabe como o mercado de ações, índices
e derivativos funciona.
Se esse movimento especulativo se confirmar
na sexta (esta nota foi escrita antes do pregão), convém a CVM (Comissão de
Valores Mobiliários) e a Polícia Federal terem uma conversinha com o pessoal da
Veja.
Só
para lembrar:
Em 2006, na véspera da eleição, a Veja
publicou uma matéria mentirosa, sem prova nenhuma, sobre Lula e outras
autoridades ter contas no exterior. Os acusados fizeram questão de investigar e
ficou provado que era mentira.
Em 2010 não sei quantas capas a Veja fez
sobre a Casa Civil. Cadê o cara do "Caraca, que dinheiro é este?",
contando a mirabolante estorinha de que abriu a gaveta e tinha R$ 200 mil em
dinheiro distribuído. Passada a eleição, nunca mais a Veja tocou no assunto.
Fonte: Blog
do Saraiva
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