sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Capa da Veja mentirosa é caso de polícia em várias frentes

Tem que ser muito idiota para acreditar nesta capa da Veja desta semana. O doleiro Youssef está preso desde março e só há 3 dias das eleições do segundo turno resolve "abrir seu coração" e dizer que Lula e Dilma "sabiam" de suas atividades criminosas e clandestinas.
Isso, vindo de um doleiro, já manjado no caso Banestado desde 2003, que manteve como interlocutores, na calada da noite, alguns deputados picaretas. Mas nunca que um doleiro do Banestado teria cacife para chegar nem perto do Palácio do Planalto. Ridícula essa reporcagem da Veja.
Alias, até o advogado do doleiro já desmentiu a Veja, dizendo que "nunca ouviu seu cliente dizer isso".
Nem vou perder tempo com essa reporcagem, porque só atinge idiotas, e estes idiotas que relincham diante da Veja já votam em Aécio. Do eleitor da Dilma, que já está acostumado com esses golpes baixos em véspera de eleição, não tirará nem um voto.
Mas vamos pensar nas possíveis consequências criminais.
Tem que investigar se a Veja não trocou Demóstenes Torres por Álvaro Dias e Carlinhos Cachoeira por Alberto Youssef.
Youssef já conhece o senador Alvaro Dias (PSDB) desde 1998 quando forneceu uma avião para a campanha do tucano. O advogado de Youssef é ligado ao governador tucano do Paraná, Beto Richa. Alvaro Dias disse a jornalistas que tinha a íntegra da delação premiada. O senador tucano já tem antecedentes. Em 2008 receptou documentos furtados da Casa Civil e entregou "em off" para a revista Veja.
Calúnia e difamação
Há o claro crime de calúnia e difamação tanto contra Dilma como contra Lula. A revista vai dizer que se houve crime foi o doleiro que cometeu. O advogado do doleiro já diz que ele não falou isso. Se a revista não tiver uma gravação ou a transcrição oficial do depoimento, seus repórteres ou editores deveriam ser condenados. Mas o judiciário no Brasil é uma tragédia quando se trata de imprensa. Revistas, jornais e tvs podem caluniar e difamar à vontade que, se o caluniado for petista, dificilmente algo acontece.
Crime eleitoral
Na mesma linha acima. Mas vamos observar que se a revista Veja fosse bem sucedida ao influir nas eleições com uma mentira forjada, o povo já teria sido enganado, e não haveria punição que reparasse o dano ao povo brasileiro. As instituições democráticas brasileiras precisam criar leis que não permitam golpes midiáticos serem aplicados. Nada de censura prévia, mas a própria justiça eleitoral deveria usar a TV imediatamente para fazer "recall" de "reporcagem" advertindo ao eleitor que aquilo é produto golpista, estragado, contaminado, desacreditado e com intuito de trapacear a consciência e livre escolha do eleitor.
Corrupção
E se delatores que já receberam propinas em outras negociatas, resolverem mudar de ramo e receberem dinheiro de caixa-2 campanha como "marqueteiros políticos" da oposição, fazendo este tipo de denúncia de comum acordo? 
Hoje, como se vê nas Bolsas de Valores, uma eleição se tornou mais valiosa para banqueiros, investidores, do que os casos isolados de corrupção tradicionais. Não é mera imaginação fértil pensar que Bancos de Investimenos, Petroleiras de olho no pré-sal paguem propinas em paraísos fiscais para quem influir nas eleições favoravelmente aos negócios deles. Esse tipo de linha de investigação precisa ser feita.
Só por hipótese, o ex-diretor corrupto da Petrobras diz que devolverá aos cofres públicos cerca de R$ 70 milhões recebidos de propinas ao longo dos anos. Ele poderia ganhar R$ 200 milhões ou mais brincando, se fosse peça chave para levar os tucanos à vitória e mudar o marco regulatório do pré-sal para regras mais favoráveis as petroleiras privadas. Coisa semelhante vale para Youssef.
Direito de resposta
É outra piada em termos de impunidade da bandidagem travestida de jornalistas. Dificilmente o judiciário concede. Quando concede, há tantos recursos que, quando publicada, já passou de hora. A maioria da população já não lembra bem do assunto e nem liga para a resposta.
O que Fábio Barbosa tem a dizer sobre especulação na Bolsa?
Curioso a revista sair na quinta-feira à noite, quando sai sempre às sextas. Assim ainda tá tempo de pegar um pregão da Bolsa de Valores antes da eleição.
Não faltará espertalhão espalhando o boato de que a notícia afetaria a eleição contra Dilma e a favor de Aécio, para outros idiotas saírem comprando de manhã. De tarde, começam os rumores sobre pesquisas e trackings confirmando o favoritismo de Dilma, e a bolsa volta a cair. Os idiotas que comprarem na alta perdem, e os espertalhões que sabem o que fazem, ganham.
O presidente do grupo Abril, Fábio Barbosa, já foi presidente do antigo Banco Real e sabe como o mercado de ações, índices e derivativos funciona.
Se esse movimento especulativo se confirmar na sexta (esta nota foi escrita antes do pregão), convém a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e a Polícia Federal terem uma conversinha com o pessoal da Veja.
Só para lembrar:
Em 2006, na véspera da eleição, a Veja publicou uma matéria mentirosa, sem prova nenhuma, sobre Lula e outras autoridades ter contas no exterior. Os acusados fizeram questão de investigar e ficou provado que era mentira.
Em 2010 não sei quantas capas a Veja fez sobre a Casa Civil. Cadê o cara do "Caraca, que dinheiro é este?", contando a mirabolante estorinha de que abriu a gaveta e tinha R$ 200 mil em dinheiro distribuído. Passada a eleição, nunca mais a Veja tocou no assunto.

Fonte: Blog do Saraiva

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