quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Programa de Aécio é um 'cavalo de Troia' para a saúde, dizem médicos sanitaristas

Entre Aécio e o ex-governador de Minas, Antonio Anastasia: o deputado tucano Marcus Pestana é o 'pai' do programa do PSDB
O programa do candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, é um "cavalo de Troia" para a saúde pública. A avaliação é dos médicos sanitaristas Ana Maria Costa, presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, e Heleno Rodrigues Corrêa Filho, diretor da entidade.
De acordo com os especialistas em saúde pública, que trabalharam pela criação e implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto a candidatura Dilma propõe duas linhas programáticas principais – levar adiante a expansão de clínicas de especialidades e melhorar a assistência de frente no SUS, com reforço ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) –, o programa de Aécio reúne praticamente tudo o que os movimentos da saúde coletiva e de saúde pública veem defendendo, a começar pela destinação de 10% da receita bruta da União para a área.
"Pelo programa apresentado pelo deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), em reunião de entidades de saúde coordenada pelo Cebes no sábado (18), no Rio de Janeiro, o programa é um brilhante, enorme e lustroso cavalo para veicular a propaganda, especialmente agora que o governo aprovou junto ao Congresso a destinação de grande margem do lucro do pré-sal para saúde e educação", diz Ana Maria Costa. "O cavalo de Troia contém nas páginas 19 a 20 duas pequenas armas infalíveis de privatização do SUS em caráter definitivo, que será revigorado por um orçamento que faz inveja às seguradoras privadas que financiam a campanha de Aécio."
Conforme ressalta Corrêa Filho, a proposta vem associada com uma "mudança radical na forma de gestão do SUS" e a "um reforço às linhas de gestão pelas parcerias público-privadas" – as PPPs: "Quando o dinheiro do pré-sal baixar nas burras de um eventual suposto governo demotucano, encontrará esses dois soldados escondidos dentro do cavalo, enquanto a pátria-mãe dormirá seu sono tranquilo à espera de um SUS forte, nacional, público, solidário, não discriminador. Acordará de manhã cedo com as portas do SUS arrombadas pelas concessões para consórcios privados que colocarão fatores de cobrança para 'moderar' as necessidades de contato dos cidadãos com os serviços de saúde".
Para os dirigentes do Cebes, a cesta básica primária do Banco Mundial estará garantida. Isso porque, segundo eles, quando o paciente necessitar de exames e consultas de especialidades, passará às mãos privadas, que vão avaliar, de forma eficiente, efetiva e eficaz, se deve ou não pagar taxas adicionais tal como hoje acontece no sistema público espanhol, que já foi gratuito e universal.
"Destinar muito dinheiro para quem pretende repassá-lo a mãos de seus financiadores de campanha não parece uma atitude saudável nem parece defender o SUS", ressalta Ana Maria. "Os princípios de universalidade, equidade e integralidade estão na linha de tiro do canhão de Aécio que é movimentado pelo deputado que controlou a arrecadação do caixa dois de Minas Gerais e recebeu público desviado por representantes em Minas do Conselho Federal de Medicina, segundo denúncia documentada em fontes reconhecidas em cartório e repassada à mídia de internet que não pode ser filtrada pelos editores da grande mídia."
Ainda usando de metáforas para explicar seus temores, os médicos alertam que o cidadão que "votar contente porque Aécio finalmente assumiu a palavra de ordem de refinanciar o SUS descobrirá em seguida que alimentou o monstro privado que vai retirar seus direitos".
"O SUS nacional corre o perigo de tornar-se a malha privatizada implantada no estado de São Paulo nos últimos vinte anos de administração demotucana. As clínicas de especialidade são privadas. As centrais de vaga e marcação de consultas de especialidades funcionam precariamente entre os Centros de Saúde e as referências em policlínicas", aponta a presidenta do Cebes. "Os centros diagnósticos são eminentemente privados, financiados pelo setor público, e os gastos sobem de maneira estratosférica sem melhora para os que trabalham nos centros de saúde, sem mais policlínicas para especialidades nos bairros e regiões mais pobres".
Ainda segundo Corrêa Filho, a "forma elegante e primorosa como o resto do programa está escrito faz parecer que cabeças pensantes da saúde coletiva ajudaram a escrever a obra prima do que deveria ser um programa com palavras de ordem socialista originado à esquerda do espectro da política que defende ampliar os direitos sociais". E sublinha: "Mais uma vez a direita se apropria das palavras de ordem da esquerda e executa, com a mão cega, o golpe de misericórdia que mata o desejo. O programa de Aécio é o exterminador do futuro. Vai sugar o dinheiro que vem do pré-sal e entregá-lo intacto para mãos privadas. O cavalo de Troia poderá ser aberto na votação presidencial do dia 26 de outubro. Os que sobreviverem verão".

Fonte: Rede Brasil

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