Entre Aécio e o ex-governador de Minas, Antonio
Anastasia: o deputado tucano Marcus Pestana é o 'pai' do programa do PSDB
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O programa do candidato do PSDB à
Presidência da República, Aécio Neves, é um "cavalo de Troia" para a
saúde pública. A avaliação é dos médicos sanitaristas Ana Maria Costa,
presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, e Heleno Rodrigues Corrêa
Filho, diretor da entidade.
De acordo com os especialistas em saúde
pública, que trabalharam pela criação e implementação do Sistema Único de Saúde
(SUS), enquanto a candidatura Dilma propõe duas linhas programáticas principais
– levar adiante a expansão de clínicas de especialidades e melhorar a
assistência de frente no SUS, com reforço ao Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu) –, o programa de Aécio reúne praticamente tudo o que os
movimentos da saúde coletiva e de saúde pública veem defendendo, a começar pela
destinação de 10% da receita bruta da União para a área.
"Pelo programa apresentado pelo
deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), em reunião de entidades de saúde
coordenada pelo Cebes no sábado (18), no Rio de Janeiro, o programa é um
brilhante, enorme e lustroso cavalo para veicular a propaganda, especialmente
agora que o governo aprovou junto ao Congresso a destinação de grande margem do
lucro do pré-sal para saúde e educação", diz Ana Maria Costa. "O cavalo
de Troia contém nas páginas 19 a 20 duas pequenas armas infalíveis de
privatização do SUS em caráter definitivo, que será revigorado por um orçamento
que faz inveja às seguradoras privadas que financiam a campanha de Aécio."
Conforme ressalta Corrêa Filho, a proposta
vem associada com uma "mudança radical na forma de gestão do SUS" e a
"um reforço às linhas de gestão pelas parcerias público-privadas" –
as PPPs: "Quando o dinheiro do pré-sal baixar nas burras de um eventual
suposto governo demotucano, encontrará esses dois soldados escondidos dentro do
cavalo, enquanto a pátria-mãe dormirá seu sono tranquilo à espera de um SUS
forte, nacional, público, solidário, não discriminador. Acordará de manhã cedo
com as portas do SUS arrombadas pelas concessões para consórcios privados que
colocarão fatores de cobrança para 'moderar' as necessidades de contato dos
cidadãos com os serviços de saúde".
Para os dirigentes do Cebes, a cesta básica
primária do Banco Mundial estará garantida. Isso porque, segundo eles, quando o
paciente necessitar de exames e consultas de especialidades, passará às mãos
privadas, que vão avaliar, de forma eficiente, efetiva e eficaz, se deve ou não
pagar taxas adicionais tal como hoje acontece no sistema público espanhol, que
já foi gratuito e universal.
"Destinar muito dinheiro para quem
pretende repassá-lo a mãos de seus financiadores de campanha não parece uma
atitude saudável nem parece defender o SUS", ressalta Ana Maria. "Os
princípios de universalidade, equidade e integralidade estão na linha de tiro
do canhão de Aécio que é movimentado pelo deputado que controlou a arrecadação
do caixa dois de Minas Gerais e recebeu público desviado por representantes em
Minas do Conselho Federal de Medicina, segundo denúncia documentada em fontes
reconhecidas em cartório e repassada à mídia de internet que não pode ser
filtrada pelos editores da grande mídia."
Ainda usando de metáforas para explicar
seus temores, os médicos alertam que o cidadão que "votar contente porque
Aécio finalmente assumiu a palavra de ordem de refinanciar o SUS descobrirá em
seguida que alimentou o monstro privado que vai retirar seus direitos".
"O SUS nacional corre o perigo de
tornar-se a malha privatizada implantada no estado de São Paulo nos últimos
vinte anos de administração demotucana. As clínicas de especialidade são
privadas. As centrais de vaga e marcação de consultas de especialidades
funcionam precariamente entre os Centros de Saúde e as referências em
policlínicas", aponta a presidenta do Cebes. "Os centros diagnósticos
são eminentemente privados, financiados pelo setor público, e os gastos sobem
de maneira estratosférica sem melhora para os que trabalham nos centros de
saúde, sem mais policlínicas para especialidades nos bairros e regiões mais
pobres".
Ainda segundo Corrêa Filho, a "forma
elegante e primorosa como o resto do programa está escrito faz parecer que
cabeças pensantes da saúde coletiva ajudaram a escrever a obra prima do que
deveria ser um programa com palavras de ordem socialista originado à esquerda
do espectro da política que defende ampliar os direitos sociais". E
sublinha: "Mais uma vez a direita se apropria das palavras de ordem da
esquerda e executa, com a mão cega, o golpe de misericórdia que mata o desejo.
O programa de Aécio é o exterminador do futuro. Vai sugar o dinheiro que vem do
pré-sal e entregá-lo intacto para mãos privadas. O cavalo de Troia poderá ser
aberto na votação presidencial do dia 26 de outubro. Os que sobreviverem
verão".
Fonte: Rede
Brasil
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