Aécio Neves começou a debater ontem (14)
com Dilma Roussef na tevê Bandeirantes ostentando um sorriso irônico que
evidenciava que ele acreditava que a adversária seria presa fácil. Ledo e Ivo
engano. Dilma não apenas não foi presa como tampouco foi fácil.
No primeiro e segundo blocos do programa, o
sorrisinho continuava brotando logo abaixo dos olhinhos tucanos. Mas foi no
terceiro bloco, quando Aécio tocou no tema corrupção, que a adversária arrancou
o sorriso de seu rosto ao citar escândalos que o envolvem.
Dilma citou os casos dos dois únicos
aeroportos construídos em Minas Gerais durante o governo do tucano, ambos
construídos ao lado de propriedades de sua família; citou o caso das rádios da
família Neves que receberam dinheiro de seu governo; chegou a perguntá-lo sobre
“violência contra a mulher” – alô, Juca Kfouri.
Aécio se descontrolou. Naquele momento,
alguns expectadores podem ter ficado com a impressão de que ele agrediria a
adversária fisicamente. Não aconteceu, mas a reação do tucano foi absolutamente
desastrosa: insultou a mulher que tinha diante de si.
“Leviana”, vociferou.
A partir dali, o sorrisinho desapareceu
para nunca mais voltar. Enquanto isso, Dilma foi se soltando. Rebateu, um a um,
cada ataque e, dentro do tempo estipulado, a cada resposta a um ataque, fez
outro.
Dilma cresceu muito, do último debate para
este. Esteve segura, gaguejou muito pouco, de forma quase imperceptível. Mas o
mais importante foi a entonação da voz e a linguagem corporal. Mostrou
segurança e, em alguns momentos, até indignação.
Aécio por certo saiu surpreso da
Bandeirantes. Não esperava encontrar uma adversária tão perigosa, que o fez
tremer quando falou das rádios e da violência contra mulher. Provavelmente, com
medo de que ela desse mais detalhes.
A partir daquele momento, o tucano parou de
falar em corrupção. Afinal, Dilma poderia dar mais detalhes das acusações que
fez. Poderia dizer que naquele mesmo dia saíra matéria na Folha de SP sobre as
rádios, e poderia perguntar o que ele tinha a dizer sobre o relato do
jornalista Juca Kfouri, que o acusou de agredir uma namorada.
Porém, Aécio não perde por esperar. Haverá
mais debates e por certo o Brasil terá oportunidade de saber mais sobre alguém
que, pertencendo a um partido cheio de casos de corrupção e que sofre tantas
acusações nesse quesito, ainda tem a cara-de-pau de acusar alguém.
Dilma venceu? A meu ver, sim. Mas, claro,
ninguém pode dizer que o consenso majoritário não vá ser o de que o embate
ficou empatado. Mas é literalmente impossível dizer que ela perdeu. E, diante
das lendas que criaram, empate equivale a vitória.
Fonte: Blog
da Cidadania
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