“É vexatório declarar voto para uma
candidatura notadamente conservadora”. Luiza Erundina defendia a neutralidade
do partido no segundo turno das eleições presidenciais
Reeleita deputada federal por São Paulo no
último domingo, Luiz Erundina (PSB) criticou ontem (8), em entrevista à revista Carta Capital, a decisão de seu partido em apoiar Aécio
Neves, candidato do PSDB à presidência da República. Além de avaliar que a
escolha afeta a reeleição dos governadores Camilo Capiberibe e Ricardo
Coutinho, que disputam, com o auxílio do PT, o segundo turno no Amapá e na
Paraíba, respectivamente, ela se mostrou decepcionada com o posicionamento de
sua legenda.
“Desde o início do
processo eleitoral, tanto Eduardo Campos quanto Marina Silva defenderam ser
preciso superar a velha polarização entre PT e PSDB. É incoerente, depois de
tudo que se passou, reforçar um desses polos agora”, afirmou Erundina. “É ainda
mais vexatório declarar voto para uma candidatura notadamente conservadora, que
defende posições tão contrárias ao que defendemos, como a redução da maioridade
penal”.
A Executiva
Nacional do PSB decidiu se aliar ao tucano na última quarta-feira. A deputada
defendeu a neutralidade da agremiação, junto à senadora Lídice da Mata (BA), o
senador Antônio Carlos Valadares (SE), Katia Born, o secretário de Juventude
Bruno da Mata, o presidente do partido Roberto Amaral e o secretário da Área
Sindical, Joílson Cardoso. O senador João Capiberibe (AP) foi o único a votar
pela união a Dilma neste segundo turno. Após a definição do apoio à candidatura
tucana, sustentado por 22 pessebistas, Erundina e o deputado Glauber Braga, do
Rio de Janeiro, decidiram se retirar da reunião. “Saímos no momento em que eles
começaram a redigir a carta de apoio a Aécio. Respeitamos a decisão da maioria,
mas não queríamos referendar essa posição”, contou.
A ex-petista
admitiu, ainda, que o partido está rachado. “Vamos ver quais serão os desdobramentos
dessa decisão da Executiva do PSB. É inegável que há uma crise interna, uma
divisão dentro do partido, e isso emerge num momento em que ainda estamos
disputando o segundo turno em quatro estados”, comentou.
Fonte: Carta Capital
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