Ao
contrário da Executiva Nacional do PSB, que anunciou na última quarta-feira o
apoio ao candidato à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), o diretório
estadual na Bahia, em reunião
ontem à noite, sinalizou apoiar a petista Dilma Rousseff, confirmando a
tendência já apontada pelos bastidores políticos. Mas será necessário mais uma
rodada de reuniões com membros e deputados pessebistas.
Conforme
lideranças socialistas, a expectativa é que o diretório estadual siga a mesma
posição da senadora Lídice da Mata, que disputou o Palácio de Ondina pelo
partido, ficando em terceiro lugar no número de votos. Ela já havia declarado
em seu Facebook que não apoiaria o tucano.
“Quero
deixar clara
a minha posição de que não apoiarei a candidatura de Aécio Neves à Presidência
da República. Nacionalmente, o meu partido decidiu por esse apoio, mas, também,
ficou deliberado que seriam respeitadas as especificidades de cada estado”,
postou a senadora. Ainda ontem, também antes da reunião do PSB baiano, que
começou por volta de 20 horas e terminou às 22 horas, o vereador Silvio
Humberto enviou uma carta aberta onde justificava seu voto a Dilma.
Em
um dos trechos, o vereador afirma: “Temos mais convergências do que
divergências e em nome de uma história de lutas em defesa das causas populares
e da inclusão sócio-racial que declaramos nosso apoio à presidente Dilma e
a nossa disposição para ir às ruas disputar os votos dos indecisos, os
votos brancos
e nulos para consolidar as conquistas e avançar em prol de um Brasil mais
justo, com melhores serviços públicos, com saúde e educação de qualidade e com
igualdade racial e de gênero”.
Para
o ex-secretário estadual de turismo e candidato derrotado a deputado federal,
Domingos Leonelli, a tendência do partido, tão logo acabaram as eleições do
primeiro turno, era de apoiar Dilma Rousseff devido ao histórico da legenda na
Bahia, de oposição aos partidos de direita como PSDB, e também por questões
ideológicas. “A minha posição vai ser a posição do executivo
estadual do partido, há tendência de apoiar Dilma”, declarou.
O
PSB, aliado histórico do PT, rompeu com o governo Dilma em 2013 para lançar a
candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Desde que foi
confirmado o segundo turno para a Presidência, na madrugada de 06 de outubro, a
legenda tem se mostrado dividida em vários estados.
Na
reunião ocorrida em Brasília, a Executiva Nacional afirmou ainda que apenas
dois diretórios estaduais não precisariam seguir o apoio da cúpula ao
presidenciável tucano: a Paraíba, cujo candidato ao governo Ricardo Coutinho
enfrentará o tucano Cássio Cunha Lima nesse segundo turno, e o Amapá, cujo
postulante ao governo do estado, Camilo Capiberibe (PSB), tem o PT em sua
coligação. Apesar disso, não só a Bahia, mas o Acre também deve caminhar ao
lado de Dilma. O presidente do PSB/AC, Gabriel Gelpke, viaja hoje para Brasília
para declarar oficialmente a decisão do partido. Em Sergipe, os pessebistas
também demonstram tendência de apoio ao PT.
Na
Bahia, alguns membros socialistas seguiram a tendência nacional. O candidato a
vice-governador pelo PSB, Eduardo Vasconcelos, ex-prefeito de Brumado, é um
deles. O ex-prefeito diz ser impossível apoiar os petistas principalmente
porque, no seu município, o conflito é grande.
“Aqui
em Brumado a nossa convivência com o grupo que assumiu o PT é tão conflituosa
quanto é o grupo de Lídice e o DEM em Salvador. Não temos condição de
estar no mesmo palanque que ele. Além do mais, entendemos que essa mudança do
governo federal é necessária”, afirmou o socialista, que não esteve na reunião.
“Se eu não puder apoiar Aécio, também não posso apoiar o PT”, acrescentou.
Derrotada
na disputa pelo Senado, ficando em terceiro lugar e com mais votos do que
Lídice da Mata, a ex-ministra Eliana Calmon se declarou a favor de Aécio Neves
e disse respeitar a posição do PSB baiano e de sua companheira Lídice da Mata.
“Vou
assumir a posição da Rede Sustentabilidade e do PSB nacional. Não a Dilma, não
ao PT, por uma questão de coerência. Se Marina Silva e Eduardo Campos saíram do
PT para criar um novo caminho, não há porque apoiar voltar pro lugar de onde
eles saíram”, disse.
Para
o secretário geral do PSB baiano, Rodrigo Hita, essa divisão de membros do
partido é natural. “Considero natural Eduardo Vasconcelos apoiar Aécio.
Quando você tem uma disputa muito intensa na cidade, fala mais alto do que a
política estadual. Na cidade, ele não conseguiria justifcicar aos seus
eleitores um apoio a Dilma. É da política natural de prefeitos em cidades
pequenas. Considero natural também a posição individual de cada político”,
afirmou.
Antônio
Olivo, presidente do PSL na Bahia, que integrou a coligação do PSB na disputa
pelo governo baiano, garante também apoio à presidente Dilma Rousseff. “Mas nós
nunca deixamos de apoiar o governador Jaques Wagner e o PT. Afirmo sem medo de
errar, e sem medo de dizer que somos da base de Wagner. É uma postura
ideológica”, destacou.
Reeleita
deputada federal por São Paulo, Luíza Erundina disse que o apoio do seu partido
a Aécio Neves é incoerente e mostrou-se decepcionada com a decisão. À Revista
Carta Capital, ela afirmou que: “Desde o início do processo eleitoral, tanto
Eduardo Campos quanto Marina Silva defenderam ser preciso superar a velha
polarização entre PT e PSDB. É incoerente, depois de tudo que se passou,
reforçar um desses polos agora”.
Erundina,
que defendeu a neutralidade do partido, acrescentou ainda que: “É ainda mais
vexatório declarar voto para uma candidatura notadamente conservadora, que
defende posições tão contrárias ao que defendemos, como a redução da maioridade
penal”.
Fonte: Jornal da Tarde
Nenhum comentário:
Postar um comentário