terça-feira, 7 de outubro de 2014

Dilma recebe apoio do PSOL e Aécio distribui cargos para conquistar Marina

No segundo dia após as urnas de todo o país proclamarem a necessidade de um segundo turno para que seja eleito o presidente do Brasil, por mais quatro anos, Dilma busca recompor sua base de apoio, voto a voto, com alegrias, como a declaração de voto do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), e decepções, como a possível defecção do senador eleito Romário (PSB-RJ) para o adversário Aécio Neves (PSDB).
Caso consiga passar pela barreira do próximo dia 26 e seguir por mais quatro anos como inquilina do Palácio do Planalto, Dilma terá uma vida mais fácil no Parlamento, com a formação da maioria absoluta de cadeiras na Câmara (50% mais um, ou mais de 257 votos) nas eleições de domingo. Juntos, os partidos da base aliada elegeram 304 deputados federais.
Na outra ponta, a coligação de Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno elegeu 128 deputados. Ainda que PSB de Marina Silva apoie, em peso, Aécio Neves no segundo turno e um eventual governo tucano, sua base parlamentar chegaria a 180 deputados.
Mas a realidade está longe disso. Nesta manhã, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), uma das coordenadoras da campanha de Marina Silva à Presidência, propôs que o PSB libere o voto de seus filiados no segundo turno das eleições. O partido resolverá a questão ainda esta semana, mas Marina já sinalizou que pode declarar apoio ao tucano Aécio Neves.
– Há grupos no partido que querem Aécio Neves, outros que pretendem apoiar a Dilma. Tomar uma posição única seria ruim, dividiria o partido. O melhor seria liberar para que cada militante, filiado ou dirigente, possa tomar a sua decisão – pondera a ex-prefeita de São Paulo.
Caso prevaleça a sugestão, Erundina pretende manter-se neutra, sem declarar voto ao tucano ou à petista.
– Nós temos que ser minimamente coerentes. Sem o que, não vale a pena. Nem Aécio nem Dilma. Nós não dissemos o tempo inteiro, na campanha, que queríamos mudança? Não propúnhamos o tempo inteiro o fim da polarização? – interroga.
Loteamento de cargos
A campanha do tucano Aécio Neves, porém, não quer saber de neutralidade e pretende usar dos artifícios de que dispõe para atrair os votos da ex-adversária. Segundo nota de um colunista do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, Neves chegou a oferecer a Marina Silva a titularidade do Ministério das Relações Exteriores, caso seja eleito presidente. Segundo o jornalista Kennedy Alencar, “a ideia seria indicar Marina para o Itamaraty a fim de que ela defenda uma ‘diplomacia verde”.
– Marina tem boa imagem internacional e convergência com Aécio na mudança de alguns pontos da linha diplomática dos governos do PT. Com Aécio e Marina, o Itamaraty daria menos foco ao Mercosul. Tentaria negociar mais com os Estados Unidos e a União Europeia – disse Alencar, em uma rádio carioca, nesta terça-feira.
Segundo o jornalista, as negociações para que Marina apoie Aécio no segundo turno “têm avançado”. As divergências entre o PSB e a Rede, diz ele, podem impedir uma posição partidária, mas Marina “poderia dar suporte individual ao tucano”.
Novas pontes
Nesta manhã, o deputado estadual Marcelo Freixo recebeu um telefonema de Dilma, em um gesto que demonstra a importância com que a presidenta e seus estrategistas de campanha deram à adesão de Freixo à candidatura petista. Campeão nas eleições do Rio para deputado estadual, com 350.408 de votos, Freixo é uma das marcas registradas do PSOL, assim como a ex-presidenciável Luciana Genro o deputado federal baiano Jean Willys. Juntos, eles compõem a chamada alma da agremiação e vão pedir votos para Dilma.
Para a direção do PT, o apoio de Freixo é visto como um sinal da aproximação da legenda, formalmente, ao campo de Dilma. Nas contas dos estrategistas do partido, a presidenta terá de conquistar 9 milhões de votos para vencer Aécio Neves nas urnas. Neste sentido, acreditam que um posicionamento claro de Luciana poderá render a Dilma a grande maioria do 1,4 milhão de votos que ela conseguiu no último domingo.
– Independentemente da posição que o partido vier a tomar, eu votarei em Dilma nesse segundo turno. Não admito o retrocesso que acredito que um governo tucano poderá representar – afirmou Freixo.
Uma das pontes para chegar ao PSOL, segundo estrategistas do PT, é o argumento de que Dilma não apenas não atacou Luciana na campanha, como sua origem política na esquerda dos anos 1960/70 guarda identidade com muitas bandeiras atuais do PSOL.
Aliança doméstica
No segundo turno estadual do Rio de Janeiro, a se realizar também no próximo dia 26, o senador Marcelo Crivella (PRB) recebeu, na manhã desta terça-feira, o apoio do deputado federal Anthony Garotinho (PR), derrotado no primeiro turno das eleições para governador do Rio. O acordo foi firmado em uma reunião de mais de uma hora, na residência de Garotinho, em Campos, no norte do Estado. Segundo Crivella e Garotinho, eles não falaram de cargos caso Crivella ganhe a eleição, apenas de propostas.
– Ele (Crivella) só me fez um pedido: que ajude a livrar o Rio do grupo que fez tanto mal à população. E eu estou atendendo com muito bom gosto – concluiu o ex-governador Anthony Garotinho.

Fonte: Correio do Brasil

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