A presidenta Dilma Rousseff recebeu hoje
(13) os resultados do plebiscito popular pela reforma política, realizado entre
1º e 7 de setembro em todo o país. A candidata do PT à reeleição voltou a se
comprometer com a questão em um eventual segundo mandato e avaliou que os quase
oito milhões de votos coletados por movimentos sociais, centrais sindicais e
partidos criam uma correlação de forças favorável às mudanças.
“Sinto a força e o cheiro de uma
transformação”, disse a presidenta, durante ato em Brasília organizado por
representantes da sociedade. “Só a mobilização e a participação popular podem
ser capazes de criar as condições para a reforma política, que é a mãe de todas
as reformas. Não podemos achar que o Congresso se autorreforma. Acho que
nenhuma instância se autorreforma sem a manifestação popular, sem ficar claro
qual é a proposta que é legítima diante do povo brasileiro. Daí a importância
do que vocês fizeram.”
Dilma recordou que propôs a reforma
política como uma das respostas às manifestações realizadas em junho do ano
passado, mas que, à época, não conseguiu obter avanços no Congresso para sua
proposta de uma Constituinte exclusiva para tratar do sistema político. A
presidenta tem manifestado desde o primeiro turno apoio à atividade de
movimentos sociais pela mudança do sistema político, em especial pelo fim do
financiamento empresarial de campanha.
A candidata do PT declarou ainda apoio a um
sistema paritário nas candidaturas entre homens e mulheres para eleições proporcionais
– a legislação atual exige a reserva de 30% das vagas de um partido para
mulheres. Também a respeito da escolha de deputados e vereadores, ela opinou
que o correto seria o fim das coligações partidárias.
Dilma mais uma vez associou as regras do
atual sistema político à corrupção existente no país, e defendeu o
financiamento público como forma de amenizar os problemas. Ao comentar a
questão, ela comparou suas propostas na área às feitas por seu adversário no
segundo turno, o senador Aécio Neves (PSDB). “É uma temeridade supor que
teremos uma reforma política sem participação do povo. Só teremos uma efetiva
reforma política se o povo votar e dizer o que quer. Porque é uma grande
reforma que estamos em vias de fazer. Muda de qualidade o cenário brasileiro”,
disse a presidenta – o tucano propõe que a reforma se dê exclusivamente pelo Congresso,
sem consulta popular.
Ela voltou a abordar também aquilo que foi
feito nos oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso à frente do Palácio do
Planalto em termos de combate à corrupção. “Eles colocaram filiados do PSDB
para dirigir a Polícia Federal e também escolheram o engavetador-geral da
República. Vocês podem se perguntar aonde estão os vários denunciados como
tendo feito crimes, malfeitos ou atos de corrupção ao longo de toda a história
política desse país. Todos soltos. Nós mudamos essa prática.”
O presidente da CUT, Vagner Freitas, e o
dirigente do MST João Pedro Stédile foram os escolhidos para discursar em nome
dos quase 500 movimentos que participam da plataforma pela reforma política. O
líder sindical afirmou que um segundo mandato de Dilma deveria tratar, além das
mudanças no sistema político-partidário, de uma democratização dos meios de
comunicação. “Será que a mídia hoje também vai conseguir esconder essa
atividade? Presidenta, nós coletamos quase oito milhões de votos no Brasil
inteiro e essa mídia golpista não divulgou uma linha”, afirmou. “O que acontece
no Brasil é que a mídia é um partido político contra os interesses dos
trabalhadores. Não podemos aceitar a desinformação.”
Já Stédile afirmou que a mobilização criada
pelo plebiscito resultou na criação de uma união popular favorável a um
programa de mudanças representado por Dilma, e não por Aécio. “Conseguimos
construir uma unidade entre todos os movimentos, com militantes de diversos
partidos políticos, todos nós imbuídos dessa necessidade do que ouvimos do
nosso povo”, disse. “O povo não quer marcha a ré para voltar ao neoliberalismo.
Assim como o povo não quis o chove-não-molha da Marina. O povo quer mudanças
pra frente.”
As entidades reunidas na plataforma pela
reforma política realizam esta semana, na capital, um acampamento pela
Constituinte exclusiva. Amanhã os resultados do plebiscito serão entregues aos
presidentes do Legislativo e do Judiciário.
Fonte: Rede Brasil
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