Em seu discurso após a derrota no 1º turno,
a candidata Marina Silva, terceira colocada com 21,32% dos votos, disse que sua
posição no segundo turno será tomada "conjuntamente com os partidos de sua
aliança".
Mas ela reforçou que via sua candidatura
como uma alternativa ao status quo político, dando a entender que não se
sentiria confortável dando apoio a uma ou outra grande força política do país.
"Não quero andar para trás nem ficar
patinando no mesmo lugar", disse ela. "Ao longo de nossa campanha,
defendemos uma mudança qualificada, e os eleitores que votaram em nós estão
comprometidos com isso e com nosso programa de governo. Estes continuarão a ser
nossos pólos no segundo turno".
Para analistas ouvidos pela BBC Brasil, os
sinais mais fortes são de que ela pode se declarar neutra, a exemplo do que fez
na eleição anterior, quando era candidata do PV e obteve 19,33% dos votos no
primeiro turno. O segundo turno foi disputado entre Dilma Rousseff (PT) e José
Serra (PSDB). Dilma venceu com 56,05% dos votos.
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de Marina
O cenário mais improvável, segundo os
analistas, seria um eventual apoio ao PT, partido do qual foi militante até
2009.
"Ela foi muito agredida pela campanha
de Dilma. A relação entre o PT e Marina se desgastou demais", disse à BBC
Brasil o cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas no Rio
de Janeiro.
Marco Aurélio Nogueira, cientista político
da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), acredita que um apoio ao PT no
segundo turno seria um "atestado de incoerência" por parte de Marina.
"Depois de tudo que aconteceu na
campanha, se ela apoiar o PT decretará sua morte na política", diz
Nogueira.
Para Rafael Cortez, da consultoria
Tendências, os duros ataques contra Marina por parte da campanha de Dilma terão
um grande peso nesta decisão.
"Em política, nunca podemos dizer que
algo é impossível, mas, em diversos momentos, ela se mostrou muito triste com o
presidente Lula. Acho difícil que isso seja resolvido em tão pouco tempo",
afirma Cortez.
Já a possibilidade de um eventual apoio à
campanha de Aécio Neves é menos remota, na opinião de alguns analistas.
O cientista político David Fleischer, da
Universidade de Brasília, acredita que, "se a raiva prevalecer", por
conta dos ataques sofridos durante a primeira parte da campanha, "Marina
apoiará Aécio".
Pereira, da FGV-RJ, também acredita numa
aproximação entre Marina e o PSDB neste segundo turno.
"A propensão é ela apoiar o Aécio. Já
existia um acordo informal entre Eduardo Campos e Aécio de apoio no segundo
turno. Marina vem honrando os acordos firmados por Campos, por isso, seria
delicado ela assumir uma neutralidade", afirma.
Já o cientista político Antonio Carlos
Mazzeo, da Unesp, não acredita que Marina veja necessidade de honrar acordos do
PSB para o segundo turno.
"Marina não é o PSB, ela é Rede e
continuará a viabilizar seu próprio partido. Parte do PSB sequer fez campanha
para ela no primeiro turno. E uma parte do partido, principalmente a ala
comandada pelo seu presidente, Roberto Amaral, é lulista", afirma Mazzeo.
'Posição difícil'
Para Nogueira, da Unesp, as chances maiores
são de Marina se manter neutra nesta etapa da disputa.
"Ela está numa posição difícil, porque
também foi muito atacada pelo PSDB. Vai ter muita dificuldade em dar este
apoio", diz Nogueira.
Cortez, da consultoria Tendências, acredita
que, para se manter coerente com seu discurso de campanha, Marina provavelmente
não apoiará nenhum dos dois partidos ainda na disputa.
"Ela diz que seu projeto visa superar
a polarização entre PT e PSDB, e isso aponta para uma nova neutralidade no
segundo turno", afirma Cortez.
"Ela será assediada principalmente por
Aécio Neves, mas só acho que este acordo será costurado se ele a convencer de
que será mais fácil colocar a Rede de pé sem o PT no poder e se ele usar a
aprovação do fim da reeleição, que estava entre as propostas dela, como uma
moeda de troca."
O cientista político Wilson Gomes, da
Universidade Federal da Bahia, também aposta na neutralidade de Marina.
"Não é do perfil dela apoiar um
partido ou o outro. Ela vai se manter reticente e, no fim, acredito que não
embarcará em nenhuma canoa", afirma Gomes.
"Ela diz que não acredita na política
atual, que os quadros que se apresentam nos outros partidos são antigos. Agora,
não faria sentido subir no palanque do PT ou do PSDB."
Fonte: BBC
Brasil
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