Como já era previsto, a ex-verde Marina
Silva declarou no domingo (12) o seu apoio ao cambaleante presidenciável do
PSDB. Em comunicado à imprensa, ela listou uma série de propostas – que
evidentemente não serão cumpridas – e concluiu: “Votarei em Aécio e o apoiarei,
votando nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de
propósitos do candidato e de seu partido”.
O anúncio foi festejado pelo senador
mineiro, que no sábado já havia obtido o apoio formal da família de Eduardo
Campos. Os sites da mídia tradicional também soltaram rojões. Já muitos
“sonháticos”, principalmente jovens, devem ter ficado decepcionados com mais esta
traição da “nova política”.
O comunicado da candidata-carona do PSB –
que deve também anunciar em breve o seu desligamento da sigla – é de um cinismo
patético. Entre outras coisas, Marina Silva afirma que decidiu apoiar o tucano
porque aposta, “mais uma vez, na alternância de poder”.
Logo ela que posou em materiais de campanha
ao lado de Geraldo Alckmin, o governador do PSDB que controla com mão-de-ferro
o Estado de São Paulo há 20 anos. A ex-verde também afirma que é contra “as
velhas alianças pragmáticas, desqualificadas” – e assume a união com o PSDB, o
DEM e os seus novos aliados – como o “pastor” Silas Malafaia, o fascista Jair
Bolsonaro e os “milicos de pijama” do Clube Militar.
Os falsos “compromissos”
Ao final, ela cita os “compromissos”
assumidos com Aécio Neves. “O respeito aos valores democráticos, a ampliação
dos espaços de exercício da democracia e o resgate das instituições de Estado”
– como se a oposição demotucana, conhecida por sua visão autoritária e
contrária a qualquer mecanismo de participação popular, pudesse ampliar a
democracia no país; “A valorização da diversidade sociocultural brasileira e o
combate a toda forma de discriminação” – como se os tucanos não estivessem
aliados à pior escória neofascista do país; “A reforma política, a começar pelo
fim da reeleição” – o que revela a ambição oportunista de Marina Silva de
disputar novamente a presidência da República.
Há outros “compromissos” na lista. No maior
cinismo, o texto fala até em reforma agrária – escondendo que Aécio Neves conta
com o apoio dos ruralistas e recusou-se a assinar, inclusive, a documento pelo
fim do trabalho escravo. Para continuar ludibriando os ingênuos ambientalistas,
o documento também menciona o “desmatamento zero” e outras bandeiras contra a
devastação da natureza. Puro engodo para quem conhece os interesses econômicos
presentes da campanha presidencial da direita nativa! “Entendo que estes
compromissos assumidos por Aécio são a base sobre a qual o pais pode dialogar
de maneira saudável sobre seu presente e seu futuro”, conclui, na maior
caradura, a direitista Marina Silva.
O racha na Rede
O documento divulgado neste domingo pela
ex-verde deve ser preservado. Ele é a prova material do seu oportunismo, da sua
guinada à direita e da sua postura de instrumento das forças conservadoras.
Nem o seu quase-partido manifestou apoio
tão empolgado ao tucano e apostou tanto na manipulação da sociedade. Na semana
passada, a Rede Sustentabilidade – hoje hegemonizada por velhos tucanos – até
decidiu recomendar o voto em Aécio Neves. Mas a resolução gerou racha interno.
Alguns velhos “marineiros” classificaram a decisão como “um grave erro
político”, que anula o discurso da “nova política”. Os “sonháticos” preferiam
que a Rede pregasse a neutralidade no segundo turno.
“Constitui-se um grave erro político a
declaração de voto e a adesão à campanha de Aécio Neves. Nenhuma modificação
formal no programa eleitoral de Aécio transformará a natureza de sua
candidatura, que não se constitui de palavras, mas de atos de história concreta
que indicam sua integração orgânica à desconstituição de direitos, aos
ruralistas e ao capital financeiro”, afirma um texto divulgado pelos
dissidentes. Eles, pelo menos, são mais honestos do que Marina Silva.
Fonte: Viomundo
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